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O Que é Obstrução Intestinal segundo Dr. Mauro

Atualizado: 28 de set. de 2021

Obstrução intestinal ou oclusão intestinal são os termos médicos utilizados para descrever a situação em que o intestino (delgado ou grosso) está com dificuldades mecânicas de conduzir seu conteúdo adiante. O paciente para de evacuar, para de eliminar gases pelo reto, apresenta distensão abdominal, eventualmente dor do tipo cólica, o abdômen soa como um tambor quando percutido pelo médico (é o que chamamos de hipertimpânico) e seu movimento peristáltico inicialmente aumenta, podendo diminuir e até ser completamente na fase tardia da obstrução.




O paciente não tolera alimentar-se regularmente e pode até mesmo apresentar vômitos, havendo a necessidade de se iniciar um regime de jejum para observação (dieta zero), ou, até mesmo a passagem de uma sonda até o estômago para eliminar líquidos, resíduos alimentares e gases.


Trata-se de uma situação de urgência médica, podendo tornar-se uma emergência se este estrangulamento do intestino e a dor não se resolverem.


Em alguns casos, o paciente elimina gases em pequena quantidade pelo reto, mas não evacua e não tolera a alimentação. Nestes casos, chamamos de suboclusão intestinal.


Quais são as possíveis causas de obstrução intestinal?


A principal causa de obstrução intestinal são bridas e aderências do intestino delgado, em segundo lugar hérnias encarceradas. Bridas são aderências dos tecidos que recobrem o intestino e a cavidade abdominal (peritônio visceral e parietal). Estas aderências ocorrem, em geral, como uma reação inflamatória à alguma manipulação cirúrgica anterior. Qualquer cirurgia abdominal pode causar aderências: cesarianas, ligaduras tubárias, apendicectomias, colecistectomias etc. Um em cada dez pacientes operado do abdome desenvolverá um quadro de obstrução intestinal por bridas.


No caso do intestino grosso, a principal causa de obstrução intestinal é o câncer colorretal. Neste caso, o ideal é ser avaliado por um Cirurgião Oncológico.


Como proceder em caso de obstrução intestinal?


O paciente com obstrução intestinal deve ser completamente examinado, internado, monitorizado, colocado em jejum, eventualmente receber uma sonda nasogástrica; ser hidratado pela veia; receber medicações regulares para evitar vômitos, auxiliar a movimentação intestinal, reduzir gases e secreções do trato digestivo. Deverá realizar exames de sangue, eletrocardiograma e radiológicos. A tomografia computadorizada do abdome com contraste é o exame de escolha.


Ela poderá demonstrar alças intestinais distendidas, com líquido e gás (níveis hidroaéreos), edema da parede do intestino, avaliar a localização da obstrução, sua possível causa e a extensão da distensão dos intestinos.


A partir da idade, do exame físico, das condições clínicas, da intensidade dos sintomas, dos resultados dos exames laboratoriais e, principalmente, dos achados radiológicos será tomada a decisão de se observar e tratar conservadoramente inicialmente ou se indicar a cirurgia de pronto.


Tratamento clínico conservador tem um prazo usual aceitável de 5 a 7 dias para sua resolução espontânea. Nesse prazo, o próprio organismo consegue desfazer a aderência ou a angulação (dobra) do intestino que causa a obstrução.


Nos casos em que o quadro é grave de pronto, ou não cede ou se agrava apesar do tratamento inicialmente conservador, a cirurgia está indicada.


A cirurgia consiste em se incisar o abdome (usualmente utilizando a cicatriz prévia) com cuidado para não causar danos, soltar as aderências com tesoura e desfazer as angulações que causem a obstrução em um único, ou em vários pontos. Estima-se que em 6% das operações para adesiólise (resolução de bridas e aderências) ocorrem danos adicionais ao intestino.


No pós-operatório o paciente permanece com a sonda nasogástrica, recebe antibióticos, analgésicos e hidratação.


São indícios que a cirurgia foi bem-sucedida se os vômitos cessarem, a distensão abdominal desaparecer, a dor desaparecer, os ruídos peristálticos voltarem a ser normais (som dos intestinos), o paciente voltar a eliminar gases e evacuar.


Gradativamente retorna-se à alimentação pela boca, e, havendo aceitação e normalização dos exames de sangue e radiológicos, o paciente terá condições de alta, se não tiver desenvolvido complicações que requeiram cuidados hospitalares.

Referências:

ten Broek RP, Issa Y, van Santbrink EJ, Bouvy ND, Kruitwagen RF, Jeekel J, Bakkum EA, Rovers MM, van Goor H. Burden of adhesions in abdominal and pelvic surgery: systematic review and met-analysis. BMJ. 2013 Oct 3;347:f5588. doi: 10.1136/bmj.f5588. PMID: 24092941; PMCID: PMC3789584.



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